quinta-feira, 13 de maio de 2010

Colorido sem cor
Eis uma questão que está deixando as adolescentes com a pulga atrás da orelha...

Por Ana Carolina Giarrante

No ano passado, o bacana era usar pulseiras fininhas de silicone de todas as cores. Todo aquele arcoíris nos pulsos ficava lindo, ainda mais com a onda das bandas “coloridas” que invadiu o cenário da música nacional. Só que, naquele momento, ninguém aqui no Brasil sabia o que havia por trás da modinha color surgida na Inglaterra. Por lá, os adolescentes usavam esses acessórios para uma espécie de “brincadeira” chamada Snap, que funciona da seguinte forma: a garota usa várias pulseiras e um menino tenta arrebentar uma delas. Dependendo da cor da pulseira que ele romper, ela deverá contribuir com um determinado “carinho”. Ou seja, cada cor representa uma “prenda”, que vai desde um abraço até (pasmem!) a relação sexual. O grande problema nisso tudo é que, nem sempre, a garota deseja ter algo mais com o menino e, nesse caso, a situação pode se complicar. Isso porque o “fofo” pode querer forçar a barra e tentar obrigar a dona das tais pulseirinhas do sexo (como estão sendo chamadas) a fazer coisas que ela não queira de jeito nenhum. E parece que essa conotação negativa do uso das pulseiras multicoloridas chegou ao Brasil. Ao que tudo indica, uma adolescente de 13 anos de Londrina, no Paraná, que estaria usando as pulseiras, foi estuprada. Também há registros de casos no Estado do Amazonas. Justamente por isso, a venda desses acessórios foi proibida em algumas cidades brasileiras. “Eu parei de usar as pulseiras com medo de algum dia acontecer comigo o que eu via nos jornais. Fiquei horrorizada”, disse a Superatrê Mariana T. Araujo dos Santos, de Mogi das Cruzes, São Paulo.


O que fazer?

Perguntamos para a psicóloga e orientadora do Instituto Kaplan, Cristiana Romualdo, se a atitude da leitora Mariana está correta. Ela disse que, se a adolescente não quer participar desse jogo, realmente é melhor não usar as pulseiras.
“A escolha implica na responsabilidade. Se a garota sabe que está usando um código de sexualidade, ela deve se responsabilizar pelas consequências que isso pode gerar”, explica a especialista. Segundo a psicóloga, é preciso estar muito segura de si para impor limites com relação aos garotos, e isso não significa apenas dizer não, mas também, conseguir resistir a possíveis agressões físicas – o que pode ser o caso da garota de Londrina. Essa situação é bastante complicada, afinal, o menino também pode pensar que a garota quer “brincar” com ele. Mas é claro que, se ele for um cara bacana, vai respeitar a posição da menina e o incômodo vai entrar para o esquecimento. Sendo assim, o melhor mesmo é tentar não se arriscar e guardar as suas pulseiras no fundo da gaveta. Pelo menos por enquanto
Jogo de risco

Siaba o que significa cada dor de pulseira - e o compromisso que você assume ao usá-las.

O que as Superatrês pensam?

“Não conheço ninguém que já tenha usado essas pulseiras para se relacionar com alguém. Aqui no Brasil, acho que ninguém leva isso muito a sério.”
Jade Milla Verônica de Paula, Belo Horizonte, MG

“A mãe da minha amiga a proibiu de usar as pulseiras, com medo de que sua filha possa ser molestada ou violentada. Ela arrebentou todas as pulseiras e jogou-as no lixo. Se eu tivesse uma filha, teria feito o mesmo.”
Bruna Pinheiro, São Paulo, SP

“Eu usava essas pulseiras até descobrir o possível significado delas. Parei de usar porque as pessoas generalizam muito quem usa, o que eu acho errado, pois não é porque uma pessoa usa aquele objeto que ele tem realmente aquele significado. Acho as pulseiras muito bonitas, mas para evitar que algo ruim ocorra, optei por não usá-las mais. Tenho uma amiga que, por sorte, não foi estuprada por usar essas pulseiras.”
Stephanie Regina Zeferino, São Paulo, SP

“As pessoas que utilizam essas pulseiras, na maioria das vezes, não sabem o significado, ou até sabem, mas não têm a intenção de cumprir tais regras. Imagine se você tem uma blusa com a estampa ‘Me beije’... Será que vão agarrar você na rua e beijá-la?”
Larissa Muniz, Rio de Janeiro, RJ

Colorido sem cor
Eis uma questão que está deixando as adolescentes com a pulga atrás da orelha...

Por Ana Carolina Giarrante

“Eu acho uma estupidez pessoas que levam a sério o significado das pulseirinhas. São pulseiras simples que não deveriam ter este real significado. Já usei algumas e tenho amigos que usam, mas apenas alguns levavam a sério a ‘brincadeira’ e nada de grave aconteceu a nenhum deles. Eu parei de usar por precaução, mas nunca levei em consideração o verdadeiro significado.”
Cynthya Marangon, São João Nepomuceno, MG

“Eu tenho algumas dessas pulseiras. Quando as comprei, elas não eram nada além de simples pulseiras de plástico, sem nenhum tipo de conotação. Deixei de usá-las, pois jamais participaria de uma ‘brincadeira’ desse tipo, não acho correto. Não julgo as atitudes, cada um faz aquilo que acha que é certo, contanto que assuma as consequências dos atos. Mas acho muita covardia se esconder atrás de uma brincadeira e dizer que fez isso ou aquilo porque era a regra do jogo. Se eu continuasse usando as pulseiras, sem saber que foi dado um significado sexual a elas, ninguém me obrigaria a participar disso. Eu simplesmente diria não.”
Tabata S. C. B. Pinheiro, Bauru, SP

“Depois que eu fiquei sabendo que meninas foram estupradas por causa dessas pulseiras, eu resolvi parar de usá-las. Quebrei todas as minhas e joguei no lixo. Prefiro não usar a me arriscar.”
Laryssa Zinni Abreu, Caieiras, SP

“Pra mim, isso é apenas uma desculpa para as pessoas ruins abusarem de quem usa as pulseiras. Só sei que eu ‘aposentei’ as minhas.”
Natalia Sales, São Paulo, SP

“Acho que tem pessoas que conhecem o significado e já são bem grandinhas para saber a consequência de seus atos. Então, para essas, não tem desculpa. Usam porque querem e ponto!!!”
Isabella Otto, São Paulo, SP

“Eu sempre usava essas pulseiras, mas assim que soube o que elas significavam, parei, porque um colega meu disse que, se visse uma menina usando, ia cobrar o que a pulseira pedia.”
Yara Andrade, São Paulo, SP

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